1 x de R$280,00 sem juros | Total R$280,00 | |
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3 x de R$101,95 | Total R$305,84 | |
4 x de R$77,60 | Total R$310,41 | |
5 x de R$62,89 | Total R$314,47 | |
6 x de R$53,04 | Total R$318,22 | |
7 x de R$45,89 | Total R$321,22 | |
8 x de R$40,68 | Total R$325,44 | |
9 x de R$36,61 | Total R$329,53 | |
10 x de R$33,22 | Total R$332,22 |
Artista - Alfred Panou & Art Ensemble Of Chicago; Brigitte Fontaine & Areski Belkacem; ATARPOP 73 & Le Collectif Le Temps Des Cerises; K. R. Nagati; Frédéric Rufin & Raphaël Lecomte; François Tusques; Mahjun; Full Moon Ensemble; Baroque Jazz Trio; Michel Roques; Chêne Noir; Beatrice Arnac
Título - Mobilisation Générale: Protest and Spirit Jazz from France 1970-1976
Gravadora - Born Bad Records / Diggersdigest
Ano - 2013
Formato - coletânea / LP, vinil duplo
1968, França. Um edifício estava sendo consumido pelas chamas, desmoronando lentamente, e nada sobreviveria. Da ruína do velho mundo surgiram os filhos de Marx e Coca-Cola, arrancando as listras branca e azul da bandeira francesa. No entanto, a revolução socialista era mais mítica do que real, e a música nada fez para mitigar o comportamento das pessoas. Era hora de inovação.
Enquanto singles de artistas como Stones, Who, Kinks e MC5 forneciam a trilha sonora inflamável para a revolução, foram os afro-americanos que realmente abalaram o mundo nos anos 60. Ornette Coleman, Cecil Taylor, Eric Dolphy, Albert Ayler e Archie Shepp abandonaram o jazz de suas gerações anteriores, libertando as notas, destruindo as estruturas e se lançando em improvisações intensas, inventando uma nova terra sem fronteiras – nem espirituais nem políticas. O free jazz deu ao saxofone o poder de destruir a ordem estabelecida.
Em 1969, o Art Ensemble of Chicago chegou ao Théâtre du Vieux Colombier em Paris e uma nova fagulha foi acesa. Seu multi-instrumentalismo utilizava uma multiplicidade de “pequenos instrumentos” (como sinos de bicicleta, sinos de vento, tambores de aço, vibrafone e djembe). A aparência do grupo no palco também chocou: usavam boubous e pintura de guerra para venerar o poder de sua música livre e hipnótica, diretamente ligada às suas raízes africanas. Era o destino do grupo se unir ao selo Saravah, já na vanguarda da música mundial ainda sem nome. O álbum Comme à la radio, de Brigitte Fontaine, gravado em 1970 após uma série de concertos no Théâtre du Vieux Colombier, consolidou a união da herdeira da chanson française com o jazz voodoo do Art Ensemble e a tradição árabe de Areski Belkacem.
Os adolescentes franceses dos anos 70 estavam descobrindo a cultura underground e abraçando causas sociais como a luta contra a guerra do Vietnã, o fim da pena de morte, e discriminação de mulheres, gays e imigrantes. Para essa geração, fazer música era um ato político, não para se tornar uma estrela do rock, mas para avançar uma causa. Apesar dos desafios, aqueles que seguiram o caminho do jazz espiritual acabaram criando algo único: músicas psicodélicas, jazz espacial de Sun Ra e Afrobeat de Fela Kuti, combinadas com palavras e declarações fervorosas que transcendiam a política e se tornavam expressões artísticas.
Em 1978, com o punk e a disco dominando, o sonho parecia ter acabado. A guerra estava perdida sem que ninguém percebesse, mas os fantasmas da revolução ainda viviam nas músicas, como um eco de um tempo que parecia ter sido encantado, agora perdido para sempre.