Artista - A. F. Moebius; Kriminelle Tanzkapelle; Heinz & Franz; Magdalene Keibel Combo; Choo Choo Flame; Stoffwechsel; Corp Cruid; Taymur Streng / Ornament & Verbrechen; Der Demokratische Konsum; Gesichter; Ihr Arschlöcher; Aponeuron; Robert Linke
Título - Magnetband (Experimenteller Elektronik-Underground DDR 1984-1989)
Gravadora - Bureau B
Ano - 2017
Formato - coletânea / LP, vinil simples
Inspiradas no punk e no pós-punk, cenas vibrantes dedicadas à autorrealização independente por meio de cassetes autodistribuídos - a mídia mais barata e rápida - estavam se desenvolvendo em cada lado da linha de confronto da Guerra Fria. Embora em circunstâncias bem diferentes. Enquanto havia uma euforia DIY no Ocidente, que também teria motivos ideológicos, as subculturas no Oriente simplesmente não tinham outros meios. Até mesmo o primeiro ato de replicação significava entrar em território ilegal, já que toda duplicação tinha de ser autorizada pelas autoridades do Estado, como qualquer outra coisa.
Os protagonistas - músicos, pintores, poetas, cineastas, artistas - cruzaram gêneros e alternaram entre vários estilos. Desiludidos e, muitas vezes, prontos para saltar em direção ao Ocidente, esses cruzadores de fronteira se definiam em algum lugar entre o não político e o antipolítico, buscando estratégias de autorrealização por meio de uma existência de nicho estendida. Eles se refugiaram na busca de formas de comunicação e autoafirmação criativa, buscando o desespero sensual, utilizando sons de raiva, inteligência linguística e uma paixão por consertos. Impulsionado pelo tédio onipresente, com tempo de sobra e livre de restrições econômicas (ou melhor, de possibilidades), o trabalho era realizado sem nenhuma preocupação com o produto final, dificilmente documentado e quase nunca publicado.
Com a abertura parcial da mídia e dos locais culturais controlados pelo Estado, acompanhando o início da agonia do Estado, as condições mudaram. De repente, houve transmissão radiofônica de fitas cassete supostamente ilegais e ruídos estranhos apresentados no Palast Der Republik. No final, álbuns completos dessas "outras bandas" foram lançados pela gravadora AMIGA, de propriedade do Estado. O colapso que se seguiu logo depois aliviou os ativistas que permaneceram no país e que precisaram se reposicionar continuamente. Muitos seguiram caminhos diferentes, alguns levando ao Rammstein, outros ao Raster-Noton ou a grupos como To Rococo Rot e Tarwater.
Os artefatos daquela época falam de uma postura de recusa na prática. Entre a exclusão e a autoexclusão, foram desenvolvidos sons e meios de expressão verdadeiramente rebeldes. Bert Papenfuß, Ronald Lippok, Bernd Jestram e Bo Kondren compilaram dois CDs complementares que acompanham a edição especial do Zonic, há muito esgotada, Spannung. Leistung. Widerstand. Magnetbanduntergrund DDR 1979-1990, lançada em 2006, da qual as peças mais experimentais e eletrônicas estão disponíveis pela primeira vez no mercado musical.
