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Artista - Spiritualized
Título - And Nothing Hurt
Gravadora - Fat Possum Records
Ano - 2018
Formato - LP, vinil simples, 180g
Desde a canção de ninar que abre o disco, “A Perfect Miracle”, até o fade-out em código Morse no encerramento de “Sail on Through”, o Spiritualized sobrepõe camada após camada de sons gloriosamente transcendentes para criar uma coleção hipnotizante e cinematográfica de músicas.
Há momentos em que as ondas de ruído celestial são quase arrebatadoras – o clímax estrondoso de “On the Sunshine”; a valsa espectral de “The Prize”; o solo de guitarra monumental em “I’m Your Man” – em que se pode imaginar os alto-falantes do estúdio vibrando até se soltarem das paredes. E tudo isso é ainda mais impressionante quando se descobre que o álbum foi idealizado e gravado quase inteiramente por um único homem – Jason Pierce, também conhecido como J. Spaceman – em um cômodo no andar de cima de sua casa, no leste de Londres. Sentado em uma sala de edição em Whitechapel, cerca de um mês após terminar a gravação, Jason fala com franqueza sobre o processo minucioso e frustrante de criação de And Nothing Hurt.
“Fazer esse disco sozinho me deixou mais louco do que qualquer outra coisa que eu já tenha feito. Estávamos tocando em grandes shows e eu realmente queria capturar aquele som que estávamos criando, mas, sem os recursos para isso, tive que encontrar uma maneira de trabalhar dentro das limitações do dinheiro que eu tinha. Então comprei um laptop e fiz tudo em um quartinho da minha casa.”
Embora gravar em casa seja algo comum para uma geração de músicos que cresceu com tecnologia cada vez mais acessível, o Spiritualized sempre tratou o estúdio como se fosse um integrante adicional da banda – um elemento vital na construção de alguns dos discos mais amados da era moderna. Desta vez, seria tudo muito diferente. Sem qualquer base em gravação digital, Jason teve que aprender tudo do zero.
“O maior desafio pra mim foi tentar fazer soar como uma sessão de estúdio. Mas eu era novo nisso tudo, não tinha os atalhos que as pessoas normalmente usam para fazer discos – eu só ficava ali por semanas… por meses… ajustando cada nível, pouco a pouco, só para tentar acertar os sons.”
Para o ouvinte, as nove faixas de And Nothing Hurt replicam com facilidade a escala e o poder dos lançamentos anteriores do Spiritualized, seja no impacto sonoro de “On the Sunshine”, na carta de amor embalada pelo último trocado na jukebox em “Let’s Dance”, ou na elevação de uma orquestra imaginária que parece erguer “Damaged” até o céu em sua conclusão.
“Com um pouco de tentativa e muito erro, encontrei maneiras de fazer algo que seria bem simples se eu tivesse os recursos. Passei duas semanas ouvindo discos de música clássica e tocando no violão os acordes que eu queria. Quando encontrava algo que combinava com o que eu procurava, eu amostrava aquele trecho e ia para o próximo acorde, tentando combinar também. Levei semanas tentando montar e sobrepor sons de cordas que soassem convincentes. Mas, para ser honesto, tudo o que eu queria era que alguém viesse tocar a parte e trouxesse sua própria identidade para o disco.”
Liricamente, And Nothing Hurt aborda reflexões sobre a passagem do tempo e a aceitação da própria idade – nunca de forma tão bela quanto em “Let’s Dance”. “Eu não queria lutar contra a minha idade; é muito mais sobre aceitação. E não com insatisfação – não estou revoltado contra o inevitável. Passei muito tempo pensando em como as músicas deveriam se encaixar, tentando fazer com que as narrativas fizessem sentido, em vez de simplesmente juntar duas linhas que rimassem.”
Durante a criação de And Nothing Hurt, Jason voltou várias vezes ao pensamento de que aquele seria o último disco do Spiritualized – entrevistas ao longo dos últimos anos deixaram claro que a frustração de tentar replicar os sons que ele ouvia na cabeça estava se tornando insuportável. Agora que o disco está finalmente pronto, ele ainda se sente assim?
“Fui bem sincero quanto a isso e ainda sinto que pode ser o caso. Foi um trabalho tão duro. Eu fiquei completamente maluco por tanto tempo. Não é como se não houvesse volta, estou bem agora... só que é muito difícil fazer um disco como esse sozinho. É quase como se, se eu não me empurrar até o limite da sanidade, não vai sair do jeito certo. Acho que o maior objetivo é fazer algo que realmente valha todo o tempo e esforço. E quanto mais tempo e esforço, maior o objetivo. Eu sabia que precisava fazer algo que fosse bom o bastante para justificar ter sido feito. E uma das maiores alegrias de fazer esse disco é poder tocá-lo ao vivo. Isso sempre é o mais incrível – essa coisa maravilhosa que parece atravessar o teto.”