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Analog Africa
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Descrição

Artista - Mestre Cupijó E Seu Ritmo

Título - Siriá

Gravadora - Analog Africa

Ano - 2014

Formato - coletânea / vinil simples / capa dupla

 

Cametá, uma pequena e histórica cidade amazônica às margens do rio Tocantins, é o berço da música ardente conhecida como "Siriá"; uma polinização cruzada entre a música dos habitantes dos quilombos, um assentamento do interior do Brasil fundado por escravos fugitivos de origem africana, e os povos indígenas da floresta amazônica. É uma batida respiratória, pulsante e enfática, e a versão modernizada dessa música local, criada por Mestre Cupijó, vem incendiando festas de rua e festivais tradicionais em todo o estado do Pará, no norte do Brasil, há décadas. E, finalmente, em 2014, o som inflamável do Siriá será celebrado internacionalmente como o som febril e tropical do verão!

Prenunciando seu talento para fluir entre culturas, Cupijó recebeu o nome do rio local onde nasceu em uma família de músicos. Seu pai, Mestre Vicente Castro, também era conhecido como Mestre Sicudera, o diretor musical de uma das bandas mais antigas do Brasil, a Eutepe Cametaense. A Eutepe Cametaense, anteriormente dirigida pelo avô de Cupijo, foi fundada em 1874, o que a torna, sem dúvida, a banda mais antiga do Pará e, possivelmente, do Brasil. Eles tinham a herança e o reconhecimento de serem a única banda que se apresentou nas festividades que marcaram o fim da escravidão no Pará em 1888. Mais tarde, Cupijó adotaria essa banda e seus músicos, depois de seu pai, como seu direito de nascença.

Aos 12 anos, Cupijó começou a tocar clarinete. Ele também se tornou proficiente em piano, bandolim e violão, embora o instrumento que veio a personificar seu som tenha sido o saxofone alto.

Valsa, bolero, cha cha cha e uma variedade de músicas de salão passaram a fazer parte do repertório de Cupijó, mas foram o carimbó e o siriá, a música tocada pelas comunidades negras do Pará, que tiveram o maior impacto sobre o jovem músico.

Para captar a alma dessa música, Cupijó foi à sua origem e conviveu com a comunidade quilombola da Amazônia. Ao retornar, enriquecido por essa experiência transformadora, fundou a banda 'Jazz Orquestra os Azes do Ritmo' com o objetivo de reinventar o Siriá e modernizar o Samba de Cacete, o Banguê e outras músicas folclóricas do estado do Pará. As ondas de rádio do Caribe e da América Latina também trouxeram o som da cumbia das poderosas orquestras colombianas, o merengue da República Dominicana e a música cubana para a Amazônia, todos com impacto na música do norte do Brasil, especialmente o mambo! Mestre Cupijó pegou essas influências e as misturou com os ingredientes que havia estudado nos Quilombos. Essa fusão - como estamos testemunhando neste disco - teve efeitos explosivos.

Seu novo som tornou-se a trilha sonora do lendário carnaval de Cametá e logo sua trupe foi convidada para outros festivais ao longo do rio. O transporte para esses shows era feito por meio de pequenos barcos, onde três ou quatro músicos dividiam uma embarcação com seus instrumentos enfiados entre as pernas. Naquela época, não havia cartazes ou anúncios de rádio para promover os shows de forma alguma, mas os shows de Cupijó se tornaram notórios. Em uma entrevista, um dos membros de sua banda explica: Sempre que havia uma festa - em um sábado, por exemplo - e se sabia que Mestre Cupijó iria tocar, a notícia se espalhava incrivelmente rápido, apenas de boca em boca. Não entendíamos como isso era possível, mas certamente era incrível".

Após a onda inicial de entusiasmo, os dois primeiros LPs foram gravados com equipamentos rudimentares em um clube de dança em Cametá. No entanto, foi a terceira tentativa, gravada em um estúdio em Belém, que desencadearia um sucesso fenomenal. 'Caboclinha Do Igapo' e 'Mambo do Martela', incluídas nesse disco, tornaram-se sucessos instantâneos. Um ano mais tarde, "Mingau de Açaí", uma das músicas mais populares de Cupido, tomou a região de assalto. No total, seis LPs foram gravados por Mestre Cupijó.

Em seguida, ele criou o "Concurso de Músicas Carnavalesco de Compositores Cametaenses", um concurso para compositores de músicas carnavalescas. As músicas compostas expressamente para esses concursos na década de 70 ainda hoje são executadas durante a temporada de carnaval. Além de desenvolver a cultura musical paraense dessa forma, ele também possuía um sistema de som improvisado, o Musicolor, para tocar os discos de artistas locais antes de seus próprios shows para as multidões frenéticas. Mestre Cupijó provou ser um filantropo, bem como um maestro da música popular, e atuou como advogado provisório da cidade de Cametá, especializando-se na ajuda aos pobres. Ele também teve um breve período na política e foi eleito por ampla maioria para o cargo de vereador municipal de Cametá.

O Mestre Cupjó, pilar da cultura festiva paraense e humilde ícone pop que entrou para a história do país, faleceu em 25 de setembro de 2012, aos 76 anos.

Suas composições são verdadeiros hinos de vida e vitalidade, incentivando todos a beber e dançar até o sol raiar! Deixe de lado suas inibições e mergulhe no maravilhoso mundo de Mestre Cupijó... Segura!!!