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Intercommunal Music
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Descrição

Artista - Caxtrinho

Título - Queda Livre

Gravadora - Intercommunal Music / QTV Selo

Ano - 2025 (2024)

Formato - LP, vinil simples / com encarte livreto

 

*envios a partir de 03/11

 

Intercommunal Music apresenta a edição em vinil de um dos melhores álbuns brasileiros dos últimos anos, Caxtrinho - Queda Livre (QTV Selo, 2024)

 

Se a crônica anda ameaçada pelo ritmo frenético de produção e consumo de informações da contemporaneidade, Queda Livre é um disco que vem dar frescor ao gênero. Ainda que em uma linguagem diferente, da música em vez da literatura, nessas faixas está manifesto o que há de melhor na crônica: a valorização do olhar atento à miudeza da vida e do humor sobre o cotidiano — o trunfo do disco é fazê-lo sem deixar de lado esse frenesi que é parte do nosso tempo, traduzido em doses cavalares de psicodelia. Mas, de prima, emerge um cronista. Queda Livre é o disco de estreia de Caxtrinho, como é conhecido Paulo Vitor Castro, de 25 anos, músico negro, periférico, criado na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Entre o samba e o rock psicodélico, seu álbum apresenta com humor rasgado e inventiva cozinha instrumental a experiência vivida do negro no Brasil hoje.

Faixa que abre o disco, “Cria de BEL” é um autorretrato em trânsito. A canção desloca o ouvinte do seu lugar — social, racial, geográfico — para dar os primeiros passos dentro do território cantado junto com Caxtrinho, em que ser cria de BEL (abreviação do município de Belford Roxo) é sentir debaixo da pele a demarcação de uma diferença: desde a formação da subjetividade até às desigualdades de classe que vão aparecendo conforme a história avança.

O samba vem de Caxtrinho e da sua herança cultural do Candomblé, que se estende da bisavó baiana até o artista carioca que, naturalmente, cresceu entre o pandeiro e o tambor. Já a cozinha do rock psicodélico vem dos guitarristas Eduardo Manso e Vovô Bebê. Também compõem a formação do disco o baixista João Lourenço e o baterista Phill Fernandes.

Eleger para capa do disco uma obra do pintor carioca Arjan Martins também foi certeiro e é digno de nota. A tormenta e a ressaca do mar remetem à profusão sonora inventada por tantos músicos reunidos neste trabalho, em que samba e rock psicodélico se amigam e se transam o tempo todo. As telas de Arjan costumam ser divididas, nesse caso por uma corda e um remo, o que diz muito sobre o território e classe no Rio de Janeiro, esse cenário dividido que é atravessado e atravessa esses dois artistas negros. À frente, há uma criança e um adulto. Paulo Vitor e Caxtrinho: na frente de tudo, com uma caneta empunhada em direção ao mundo e um violão de carranca — vivendo em queda livre.

— Thaís Regina