1 x de R$180,00 sem juros | Total R$180,00 | |
2 x de R$96,88 | Total R$193,75 | |
3 x de R$65,54 | Total R$196,61 | |
4 x de R$49,89 | Total R$199,55 | |
5 x de R$40,43 | Total R$202,16 | |
6 x de R$34,10 | Total R$204,57 | |
7 x de R$29,50 | Total R$206,50 | |
8 x de R$26,15 | Total R$209,21 | |
9 x de R$23,54 | Total R$211,84 | |
10 x de R$21,36 | Total R$213,57 |
Artista - Caxtrinho
Título - Queda Livre
Gravadora - Intercommunal Music / QTV Selo
Ano - 2025 (2024)
Formato - LP, vinil simples / com encarte livreto
*envios a partir de 03/11
Intercommunal Music apresenta a edição em vinil de um dos melhores álbuns brasileiros dos últimos anos, Caxtrinho - Queda Livre (QTV Selo, 2024)
Se a crônica anda ameaçada pelo ritmo frenético de produção e consumo de informações da contemporaneidade, Queda Livre é um disco que vem dar frescor ao gênero. Ainda que em uma linguagem diferente, da música em vez da literatura, nessas faixas está manifesto o que há de melhor na crônica: a valorização do olhar atento à miudeza da vida e do humor sobre o cotidiano — o trunfo do disco é fazê-lo sem deixar de lado esse frenesi que é parte do nosso tempo, traduzido em doses cavalares de psicodelia. Mas, de prima, emerge um cronista. Queda Livre é o disco de estreia de Caxtrinho, como é conhecido Paulo Vitor Castro, de 25 anos, músico negro, periférico, criado na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Entre o samba e o rock psicodélico, seu álbum apresenta com humor rasgado e inventiva cozinha instrumental a experiência vivida do negro no Brasil hoje.
Faixa que abre o disco, “Cria de BEL” é um autorretrato em trânsito. A canção desloca o ouvinte do seu lugar — social, racial, geográfico — para dar os primeiros passos dentro do território cantado junto com Caxtrinho, em que ser cria de BEL (abreviação do município de Belford Roxo) é sentir debaixo da pele a demarcação de uma diferença: desde a formação da subjetividade até às desigualdades de classe que vão aparecendo conforme a história avança.
O samba vem de Caxtrinho e da sua herança cultural do Candomblé, que se estende da bisavó baiana até o artista carioca que, naturalmente, cresceu entre o pandeiro e o tambor. Já a cozinha do rock psicodélico vem dos guitarristas Eduardo Manso e Vovô Bebê. Também compõem a formação do disco o baixista João Lourenço e o baterista Phill Fernandes.
Eleger para capa do disco uma obra do pintor carioca Arjan Martins também foi certeiro e é digno de nota. A tormenta e a ressaca do mar remetem à profusão sonora inventada por tantos músicos reunidos neste trabalho, em que samba e rock psicodélico se amigam e se transam o tempo todo. As telas de Arjan costumam ser divididas, nesse caso por uma corda e um remo, o que diz muito sobre o território e classe no Rio de Janeiro, esse cenário dividido que é atravessado e atravessa esses dois artistas negros. À frente, há uma criança e um adulto. Paulo Vitor e Caxtrinho: na frente de tudo, com uma caneta empunhada em direção ao mundo e um violão de carranca — vivendo em queda livre.
— Thaís Regina