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7 x de R$42,61 | Total R$298,27 | |
8 x de R$37,77 | Total R$302,20 | |
9 x de R$34,00 | Total R$305,99 | |
10 x de R$30,85 | Total R$308,49 |
Artista - DJ Lycox
Título - Guetto Star
Gravadora - Príncipe
Ano - 2024
Formato - LP, vinil simples
De forma direta, Lycox solta um “Yaaahh” logo no começo. É uma afirmação, mas, em tempos difíceis, também pode soar como resignação — algo como “é, tanto faz”. Lycox diz que estava apenas improvisando, no freestyle. Em seguida, entra a linha de baixo: elástica, expressiva, encorpada. E nem está presente o tempo todo. Ele estava “tentando desenvolver uma nova fórmula para o beat do Kuduro”.
Músicas para a pista? Com certeza. Sensibilidades diferentes, uma mesma mente focada. Lycox evolui dentro da tradição — domina o groove, a ambiência, os tons certos. A última faixa, chamada simplesmente “Energia”, sobrevoa com um ar melancólico, ameaçador, mas talvez apenas prometendo algum tipo de ação. Com algumas viradas, quase se poderia atravessar para um universo paralelo do trance old school — uma referência que soa tão alienígena aqui quanto essa faixa pode soar para quem vê o Afro House padrão como representante da música africana moderna.
Essas faixas se empilham num limiar entre estilos, sensações — talvez no meio da própria vida. Uma concentração de energia assim precisa de liberação, e ela vem, figuradamente, por meio dos detalhes da música que se estendem aos ouvidos receptivos. “To Bem Loko” tenta explicitamente “literalmente enlouquecer todo mundo na pista de dança”. Mais uma vez Lycox fornece os vocais, como em “Edson no Uige”, sobre um amigo que viajou à província angolana do Uíge e voltou falando apenas o dialeto local conhecido como lingala. Uma referência à tradição, muito emotiva, sem comprometer os arranjos complexos. E, como consequência, nós — os ouvintes — seguimos acreditando que ainda há espaço para um futuro promissor. Para ouvidos já acostumados às produções de Lycox, o título “Contemporâneo” (abertura do lado B) soa até como redundância.
Talvez essa música nunca se torne tão massiva quanto outros estilos afro. Sem soar pretensiosa, evita padrões simplistas, exige um pouco mais de processamento mental, mesmo enquanto claramente quer soltar os corpos. Universal na vocação, underground na essência, Lycox definitivamente chama isso de Batida, mas para alguns ainda é Ghetto Music. Como disse DJ Veiga ao descrever um lançamento anterior da Príncipe, “Ghetto é casa”. Lycox completa dizendo que é uma base de identidade: “Poucos na nossa comunidade vão reconhecer seu trabalho quando você vem do mesmo ambiente, mas, uma vez que você estabelece sua reputação fora do bairro, e até fora do país, as pessoas passam a te ver diferente, como se fosse uma estrela.”